sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sentei-me aqui, apetecia-me escrever. Venho de um abraço teu, desse sossego com que presenteias os meus mais plenos momentos.  Sei que o mundo gira lá fora, as planícies dormem agora e o mar descobre um horizonte que só ele conhece. Sei que lá fora, os pássaros  sussurram esta madrugada e eu imagino como respeitam o teu dormir. 
Tudo está no seu lugar.
E eu, embalada no teu ser, sou mais agora do que quando pretendia agarrar o mundo, beber sentidos, e embriagar-me de um devir onde nunca me revi.

Há 5 meses e umas horas, o meu coração transbordava de uns olhinhos abertos que me fixaram desde o primeiro instante, nada mais importava,  tal como agora, neste momento de calma.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sabes, de inicio, tudo na minha cabeça era inconstante, no turbilhão de renascer contigo, de um ser pequenino que me olha como nunca ninguem o fez, não seria possivel, de me sentir presa numa mente traiçoeira e um sentir que não sabia, estavas ali, tão pequena e indefesa, e ao mesmo tempo, detentora de uma vida nascida de mim, mais forte que pensara, mais pura...
Foi crescendo, na proporção de uma consciencia nova, este sentir que quase doi, esta vida em que por fim, me entrego, inteira a ti!
Ensinas-me todos os dias o que importa e me habita, já sorris quando me vês, tento estar à altura do teu ser, ensaio o palco de vida que quero preparar para ti, tal como me deram, como sonhei que seria. 
Há tanta coisa que te quero mostrar, esta vida desconexa em que a desordem nos molda e a dor nos acrescenta, onde o que se avista depende da essencia de ver e aos teus olhos, sonho um horizonte que toques de mão estendida. 
Passo horas só a sentir o teu respirar, o teu cheiro. Horas cheias para mim.
És linda, minha filha!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bem vinda Camila

Está frio lá fora, mesmo tendo pedido ao Sol que nos trouxesse um rasgo de calor de Inverno que sempre me aqueceu a alma. Olho para ti, embevecida e transbordante de sentimentos que nem sei enumerar. Apetece-me tantas vezes rir, dançar, chorar, pegar em ti e abrir-te as portas de um mundo que criei só para ti.
Tudo mudou, os sentidos, os contornos que equacionam a minha mente. De quando em vez, suspiro o mais fundo que posso, nunca chega para minorar o meu coração apertado, e simultaneamente, as minhas mãos movem-se , quentes, cheias, como se sempre tivessem sabido como tomar conta de nós.
Importa pouco para além de ti, se já preenches o meu mundo por inteiro, se cada elemento começa e abraça-te, cada momento é pleno de ti, o teu sossego é a minha calma, e eu, aqui sentada, encho-me de sonho e sorriso, das musicas que te ofereci... És o meu admiravel mundo novo, pleno de ti.

Sabes, vivi meses de medo, de culpa, zanguei-me antes de tempo com a ironia da vida, com a falta de credo, com a antecipação. Antevia apenas mais um capitulo meio, um conto de permeio, que não me atrevia a contar alto, o minimo sussurro quebraria um encanto, um sonho que temendo, fui criando. À minha volta, bailavam sorrisos, e demorou a que me atrevesse a sentir-te em mim, viva, crescente... Tantas vezes, comigo, soltava uma gargalhada nervosa e pensava ser apenas mais um voo sonhado de uma ave imaginada, mais tarde em queda, desamparada, como tantos sonhos e desenganos. 

Chamava-te ervilhinha, não te sentia ainda quando decidi, que o medo me moveria, e do silencio, fiz caminhadas insistentes, chateei toda a gente, gritei e pedi, desabafei em silencio com os amigos presentes e dos quais me apartei numa angustia singular de não encontrar palavras que expressassem sentidos tão contrários... Precisava de encontrar os melhores médicos, não aqui, nunca aqui, onde fosse, gritei, barafustei, exigi que a inercia e a arrogância não me barrassem a intenção, chorei de impotencia mas consegui. No dia em que me sentei em frente daquela senhora de bata branca e olhar frio de tanto sentir, cujas palavras eram bofetadas de confiança, chorei tudo o que a minha alma pedia. Desde esse dia, perdi a conta às viagens, às analises... Não as sentia, bebia as imagens na tv da sala de espera, queria sentir que se falava de mim, que a história que vivia, era minha afinal.

O mais desejado, eram os minutos, muito quieta, em frente ao ecran, a ver-te, estavas ali, diziam que eras "mexida", davas voltas em mim e, só por isso eu sossegava. Mas lá no fundo, haviam tantas perguntas que não ousava, havia um grito de medo preso na minha garganta, e eu não encontrava as palavras que descrevessem o turbilhão da minha mente.

Olho agora para ti, tens um olhar que parece querer abraçar o mundo e eu, tenho tanta vontade de te o oferecer, tenho as mãos cheias de sonho e sempre que agarras a minha mão, a Terra deixa de girar sem nexo, e eu entendo os sentidos, embebedo-me do teu cheiro, revejo a minha história de outro horizonte. Agora, neste instante, sou a emoção que contive, sou força renascida, sou cheia de ti.

Bem vinda, Camila!